JOSE MILHAZES, DESDE RUSIA: "DEJEN DE INSULTAR Y CULPAR A LOS PERIODISTAS"

Deixem de insultar e culpabilizar os jornalistas




 
Peço desculpa pela minha ignorância, mas devo reconhecer que até ontem desconhecia o nome do senhor Carlos Páscoa, deputado do PSD eleito pelos emigrantes portugueses que vivem fora da Europa. Acontece, não podemos conhecer toda a gente.
Mas fiquei a saber da sua existência pela pior das razões. Numa entrevista ao jornal Portugal Digital, esse homem de Estado declarou que “a relação da RTP e da Lusa com as comunidades é um verdadeiro desastre”, ou seja, insultou-me a mim e a dezenas de jornalistas que dão o corpo ao manifesto no sentido real da palavra.
Se a relação é um verdadeiro desastre, os culpados não são os jornalistas, mas o governo que criou essa situação e, ao que eu saiba, teve o voto de apoio do Sr. Carlos Páscoa na Assembleia da República.
Este deputado da Nação deve residir ainda menos tempo do que eu em Portugal para não saber a que cortes financeiros foram sujeitos a RTP e a LUSA. Posso dizer-lhe que nunca fui tão humilhado, enquanto correspondente da LUSA e da RDP (RTP) em Moscovo, como nos últimos dois anos, devido à política do seu governo para com os órgãos de informação públicos.
E não sou o único, sou um de outros correspondentes que queremos trabalhar para o bem das comunidades portuguesas e lusófonas no estrangeiro, para informar os portugueses, mas cada vez com menos meios financeiros.
O senhor deputado não imagina o que me vai na alma quando eu ligo para a redação da RDP e proponho aos meus camaradas de trabalho uma peça que acho importante. Também não faz ideia do que vai na alma do meu camarada que do outro lado da linha se vê obrigado a responder: “Não pode ser, porque não temos dinheiro!”.
Na LUSA, as coisas ainda não chegaram a esse ponto para mim, mas, dentro em breve, como trabalhador a recibos verdes, terei de procurar outro meio de subsistência, porque os colegas do seu partido acharam que a Rússia não tem qualquer interesse para nós e eu vou ser simplesmente despedido.
Isso trata-se de uma questão de estratégia e os nossos governantes até podem ter razão (O Dr. Paulo Portas visitou todas as capitais dos BRICS, à exceção de Moscovo!), mas dificultar, impedir o trabalho ou despedir jornalistas em países como a África do Sul, Grã-Bretanha, Canadá, França ou Brasil, não é uma questão de estratégia ou tática, é miopia política, ou talvez mesmo crime.
Vou-lhe dar apenas um exemplo da utilidade de um correspondente da RDP, RTP ou Lusa em Moscovo. Os estudantes de São Tomé ou Guiné-Bissau, quando são abandonados, quando têm fome, telefonam para os correspondentes desses órgãos de comunicação para pedirem ajuda. A isto chama-se Lusofonia.
Para já não falar da importância estratégica da Rússia na Europa e no futuro do continente.
Se o senhor e os seus colegas de partido quiseram salvar a RTP e Lusa do “desastre total”, pensem e revejam a vossa posição. Os cortes orçamentais cegos acabarão por tornar irreversível o processo de degradação desses órgãos de informações. Hoje, vão para a rua os correspondentes em países importantes, depois a gangrena vai avançar.
Por isso, apoio as posições dos representantes dos trabalhadores da Agência Lusa que condenaram semelhantes declarações.
Senhor deputado Carlos Páscoa, gostaria de terminar com um apelo: deixem as pessoas trabalhar!

P.S. Gostaria também de saber as opiniões de membros das nossas comunidades espalhadas pelo mundo.
 



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