Almanaque Silva: relato e imágenes de la famosa Mocidade Portuguesa

Jornal da MP, n.º 33, 29-IV-1944, ilustração de Júlio Gil
A inquietante perspetiva de uma Espanha comunista em resultado da Guerra Civil e o fascínio da direita extremista portuguesa pelas ditaduras italiana e alemã forçaram Salazar à criação de organizações paramilitares como a Legião e a Mocidade Portuguesa em 1936. Esta última decidia-se a moldar os infantes portugueses aos valores nacionais e combater o internacionalismo bolchevista. Tratava-se de saturar a cabeça de doutrina e o corpo de exercício, até para evitar os malefícios do onanismo (práticas genésicas, como se dizia na altura). Avesso a extremismos, o ditador controla como pode estas problemáticas organizações, nomeando chefias da sua confiança. O principal doutrinador da MP, e mais tarde seu comissário geral, Marcelo Caetano, viria a ser o delfim e sucessor de Salazar. Em 1937, nascia a Mocidade Portuguesa Feminina, “sentinelas da alma de Portugal”, que enquadraria as suas filiadas no seio do lar e da família, oportuna retaguarda dos valorosos guerreiros da congénere masculina. A farda das MPs era peça fundamental na disciplina coletiva e na encenação de desfiles e paradas. As MPs dividiam-se em Lusitos/Lusitas, Infantes, Vanguardistas e Cadetes/Lusas, em categorias dos 7 aos 25 anos, cada uma com farda própria. A representação gráfica das MPs foi evoluindo ao sabor do seu papel político e social e do grafismo dos ilustradores de várias gerações. Nem o velhinho Alfredo Moraes (na altura, já com 65 anos) escapou à chamada, ilustrando os garbosos mancebos, logo em 1937, para um Livro de Leitura dos Liceus.
Portugal é grande, Livro de Leitura para o 1.º Ciclo dos Liceus, ilustração de Alfredo Moraes, Livraria Popular de Francisco Franco, 1937
Livro de Leitura para a 4.ª Classe do Ensino Primário, ilustração de Fernando Bento, Livraria Avis, Porto, s.d.

Fuente: www.almanaquesilva.wordpress.com

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