UNA MUJER QUE MERECE SER RECORDADA; FUE AUTORA DE "CUENTOS PARA MIS NIETOS"

ELZIRA DANTAS MACHADO, FILHA DE MIGUEL DANTAS E MULHER DE BERNARDINO MACHADO


Elzira Dantas Machado nasceu no Rio de Janeiro a 15 de Dezembro de 1865, sendo filha do conselheiro Miguel Dantas e da sua primeira esposa, Bernardina Maria da Silva. Contava seis anos quando, após a morte da mãe, veio para Portugal, mais concretamente para a cidade do Porto onde passou a residir com seu pai (que voltaria a contrair núpcias, com sua prima Maria da Assunção Gonçalves Pereira). Teve uma educação exemplar ministrada por educadoras estrangeiras, denotando-se o cuidado de Miguel Dantas na sua formação. Mas desengane-se quem pensa que com esta instrução apenas assumiu o papel de esposa e mãe, como procuraremos explicar adiante. Em 1882, na cidade invicta, casa com Bernardino Machado, conhecendo melhor a partir daí o republicanismo, e também contribuindo para o movimento de emancipação da mulher, a causa feminista. Entre outras actividades cívicas foi fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, da Associação de Propaganda Feminista, da Comissão Dirigente e Administrativa da Empresa de Propaganda Feminista e de Defesa dos Direitos da Mulher. Com a eclosão da I Guerra Mundial, na qual os soldados portugueses participam, não fica parada e torna-se fundadora e presidente da Cruzada das Mulheres Portuguesas, que tinha como finalidade prestar assistência moral e social aos soldados e suas famílias. Façamos uma pausa para explicar que em 1917 este trabalho foi interrompido, devido ao golpe de Sidónio Pais que culminou na destituição de Bernardino Machado do cargo de Presidente da República e obrigou o ilustre político e sua família àquele que seria o seu primeiro exílio. Vejamos agora a consideração e mérito que era atribuído a Elzira Dantas Machado, já que, apesar da oposição a seu marido, Sidónio Pais condecorou-a com a grã-cruz da Ordem de Cristo. Após o regresso a Portugal e recondução de Bernardino Machado como Presidente da República, continuou a desempenhar as suas altas tarefas cívicas, até que seu marido foi deposto pela golpe de 28 de Maio de 1926. Novamente partem para o exílio. Note-se que esteve exilada em 1917/1919 e em 1926/1940. Foi, aliás, neste último período que escreveu, em La Guardia, “Contos – para os meus netos”, certamente influenciada pelas saudades da família e das terras portuguesas.
Findado este exílio no estrangeiro, passa a residir com o marido no Palacete de Mantelães em Formariz, até Março de 1942 quando Bernardino Machado foi internado numa unidade hospitalar da cidade do Porto. A 21 de Abril desse ano partia para sempre D. Elzira, e dois anos mais tarde, a 29 de Abril de 1944, deu-se a despedida de Bernardino Machado do mundo terreno. Em jeito de remate, refira-se que acompanhou sempre o seu marido em todo o percurso político e profissional, o que não foi nada fácil dadas as circunstâncias históricas, afirmando-se como uma primeira-dama sempre presente e activa. E se tudo isto não bastasse, foi mãe de 19 filhos, três falecidos com tenra idade, outra com 29 anos e os demais com idades entre os 61 e 99 anos. Agradecemos a seu neto e nosso amigo dr. Manuel Sá Marques, alguns dados e imagens que ilustram esta página, e terminamos com um pensamento que transmitimos na blogosfera em 2008 aquando o Dia Internacional da Mulher: Não será tempo de o seu nome ficar perpetuado numa rua da nossa sede de concelho?
In Jornal Notícias de Coura, 22 de Março de 2011


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